Só se pode escrever na areia porque existe ali as ondas, que limpam tudo que um dia houve, e prepararam a superfície para que você tivesse essa oportunidade... Então qual o sentido de se apegar ao que foi escrito, se magoar com o efêmero, se ele mesmo é o que da sentido a tudo?
Viver é também assim, escrevemos nossa própria estória e memórias na área de nós mesmos, a chave e a beleza desse sistema está no desapego, nos detalhes que brilham intensamente no escuro do vazio, e que compõem a tela com maior beleza pelo contraste que fazem com o fundo negro.
Tudo que já foi escrito, todas as pegadas que um dia estiveram ali, contribuíram delicadamente pra tornar a praia no que ela hoje é, mas as ondas não deixam de quebrar por saudade, a chuva não deixa de cair pra conservar as marcas de alegrias que passaram e seguiram... a natureza, o universo e a vida simplesmente seguem, alheios e ao mesmo tempo completamente modificados.
Somos apenas pequenas engrenagens nesse grande mecanismo cósmico, menores que os grãos de areia que se moldam sob nossos dedos, sendo assim, a melhor forma de existir é aceitar esse papel que nos é dado e caminhar... chorar nossas dores, sorrir nossas alegrias e deixar que tudo isso um dia parta.
As coisas boas passam, assim, sem aviso, sem lógica e sem respeitar qualquer senso de justiça, mas você somente pôde vive-las porque suas dores de antes se dissiparam abrindo espaço... Ciclo.
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