To com saudades... Saudades imensas de um momento que acho que já vivi, mas não tenho certeza, talvez por tanto ter me esforçado pra esquecer. Um momento em que eu travava verdadeiras batalhas de amor... Quando na minha cama, eu, e o que parecia ser minha metade, disputávamos quem podia dar mais carinho, e o prazer de receber se confundia com o de dar. To com saudades de me sentir inteiro, de esquecer do mundo, de saber que absolutamente tudo cabe na minha cama, e fora dela, abismos: vazios, opacos, escuros e desimportantes. Ah! Que falta sinto de não buscar! De achar despretensiosamente sempre mais e mais naquilo que já encontrei.
Eu vi um filme, e nele os amantes faziam amor no chão, alheios a algo que queimava no fogão. Senti minha boca buscar na memória da língua o gosto tão doce daquele queimado amargo. Depois, eles se levantaram, e enquanto se vestiam, arrumavam coisas e falavam coisas, ainda assim se amavam. Surgiu então o conflito da história; por um motivo qualquer, como todos os motivos são, eles não podiam mais ficar juntos, e olhando nos olhos um do outro eles viviam essa dor. Senti meu coração se apertar, buscando simular pra mim essa dor tão gostosa que não tive mais.
O homem então se foi... e ela sozinha chorava de soluçar. O rosto vermelho da moça, encharcado de lágrimas, prendia aderidos alguns fios de cabelo que pareciam conduzir as lagrimas como as margens conduzem os rios, formando desenhos lindos que condiziam à boca. O som do choro foi diminuindo em proporção inversa ao desespero que eu sentia, não pude me conter e então disse a ela – Eu te amo! – Ela me olhou nos olhos e disse que eu também a deixaria, que não poderíamos ficar juntos também. Como que lendo meus pensamentos sem que eu pudesse falar ela me perguntou se eu não compreendia que o amor de verdade é assim: tem início e meio, jamais fim! O fim arruína a plenitude de um amor! Que os grandes amores de verdade de fato não se conjugam no passado, eles não terminam e vivem pra sempre dentro de nós. Tudo fez muito sentido pra mim, não um sentido lógico, mas um que se encaixava com exatidão na vivência. Me acovardei de concordar. Calei e deixei que os créditos tomassem a tela.
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